quarta-feira, 18 de março de 2009

Notícias prancha amsler: 18-Mar-2009 OUTRO SÁBADO NO SECRET DO SALIM

@migos,
Pois é, no último sábado, as ondas rolaram lá no Secret do Salim. Chegou a época da formação de bancadas de areia na Reserva, logo depois dos primeiros swell pós-verão, quando então as boas esquerdas começam a quebrar.
Nesse dia, além do bom swell de 1 a 3 pés, tivemos água quente verde-esmeralda e vento fraco. Maré seca...
Dessa vez, tínhamos uma novidade, uma câmera à prova d'água, onde se revezaram no click o Cesar Abacaxi e o meu irmão Sergio. Eu me diverti com meu filhão "waterbug", que junto com o Sergio, insistiam em "socializar" todas as minhas ondas.
Após a entrada do Leste, decidimos ir até a Macumba, tomar um chop no quioske 5W do Rubinho.
Foi então que pude encontrar meu grande amigo, o fantástico surfista Carlos Mudinho. Entre outros assuntos, conversamos sobre os anos que ainda faltam e também sobre nossos muitos planos para nossa aposentadoria, do trabalho, não do surf. Ele disse que irá viver em Saquarema e eu, em Cabo Frio. O que faremos! Não temos dúvida alguma - continuar a shapear e surfar. Portanto, fica o aviso....não pretendemos sair do mar!
Vejam essa apresentação das ondas que pegamos, acompanhada de boa música. Vale a pena conferir.
Boas Ondas
Yso Amsler

domingo, 1 de março de 2009

Notícias prancha amsler: 01-Mar-2009 SUFOCOS - segunda parte

@migos,


Dando continuidade ao meu papo sobre sufocos, chega o ano 2000 e olha lá eu passando perrengue novamente... não tem jeito, não há como surfar sem passar sufoco!



SECRET DO SALIM - BARRA DA TIJUCA - 2002

Foi em 2002, na reserva da Barra, em uma onda bem pequena, de 3 pés. A maré estava bem seca e eu dei bobeira, e caí, sendo sugado pela onda.

Ela me rodou como em um liquidificador. Quando finalmente consegui respirar, a onda seguinte já quebrava em cima de mim, ou seja, respirei ar com água.

Meu filho Anddy, na ocasião com 15 anos, assitiu a tudo de dentro d'água, bastante perplexo. Respirar água e tomar a segunda onda na cabeça foi desesperador.



PRAIA DA MACUMBA - RIO - 2003

Este sufoco foi durante o Campeonato dos Amigos da Macumba. O mar estava bastante "storm" e consistente, quebrando 12 pés plus, bem depois das três palmeiras. O início do campeonato atrasou bastante, pois muitos dos participantes não queriam entrar no mar por causa das condições bastante agressivas das ondas.

Eu, que desde meus mais remotos tempos de jacaré, sempre fui atirado e chegado nas ondas grandes, principalmente as casca grossa, forcei bastante pra iniciarmos o campeonato.

Na hora da minha bateria, apenas o Alvinho, hoje na Califa, e eu caímos n'água, os outros dois desistiram. Andamos tranquilamente até o canto da pedra, remando para o "outside". Se da areia o mar parecia grande, lá de dentro era petrificante.

De repente, o horizonte escureceu, a série entrou, com uma onda de 15 pés desmoronando na nossa cabeça. Eu percebi que não daria para passar, remei com bastante força contra a onda, e, segundos antes dela despencar na minha cabeça, fiquei em pé no meu pranchão e mergulhei bem fundo pra aliviar o arrasto e o caldo. Pessoal! Minha cordinha partiu e eu perdi meu pranchão. Não tomei caldo nesse momento, e quando retornei à superfície procurei minha prancha. Pra sorte minha, a onda não a tinha levado. Alvinho estava perto dela e me entregou.

Lembro de ter pensado com os meus botões, estou no mato sem cachorro, ou melhor estou no meio deste mar cavernoso, sem cordinha, nosso maior item de segurança no mar - esta situação tirou completamente minha tranquilidade e concentração. Fui mais pro inside, pensando “pego uma onda e saio, afinal de contas já fui classificado pra final”.

Veio a série e dropei, atrasado, resolvi desistir da onda, só que já era, a onda não me perdoou, me levou junto e me deu um bruta caldo. Fiquei desta vez definitivamente sem meu pranchão, bem na zona de impacto, quebrando ondas de 10 a 12 pés incessantemente na minha cabeça. Era caldo atrás de caldo, e eu tinha que fazer força contra o espumeiro, pra ele ir me levando para a beira, Funcionou, o espumeiro me arrastava, porém o caldo era horrível.

Estava hiperventilando, ou seja, a minha respiração já mão me satisfazia. Olhei para o lado da pedra e vi que o helicóptero salvava alguém láno canto, porém os salva-vidas não faziam a mínima idéia de que eu estava lá, muito menos naquele perrengue. Já bastante debilitado pela quantidade de caldos e a falta de oxigenação, olhei pra beira e ainda faltava pelo menos uns 200 metros.

No meio do meu desespero pensava (pois além de tudo eu ainda temia que a corrente me levasse novamente pra fora) como a Beth ia poder chegar em casa e explicar pros meus filhos que eu não havia voltado com ela da praia porque tinha me afogado! Enquanto isso ela na areia sem saber exatamente o que acontecia era acalmada pelo Raphael Laporta, que, como eu, gosta muito de uma onda casca grossa, e que dizia que ela podia ficar tranquila, pois eu tinha muita experiência de ondas grandes, sairia facilmente da água.

Pois é, após meu fúnebre pensamento, me subiu uma energia como se fosse um choque, das minhas canelas até minha cabeça, que me fez nadar fortemente, nadei muito, e cheguei finalmente na areia. Já na areia, outro Rafael, o filho do Edu, me aguardava com minha prancha, me ajudando a chegar até o palanque dos juizes.

Entreguei minha camiseta, e me juntei a Beth, dei-lhe um beijo e resolvi ir almoçar no Skuna para comemorar. Enquanto caminhava pro carro, ouvi o meu nome, no alto-falante do campeonato, era dito que eu estava classificado para a final, e que deveria entrar n'água em 15 minutos.

Fui até os juizes e agradeci muito, mas estava muito cansado e precisava me recuperar. No dia seguinte quem sabe, mas naquela hora não. Todos compreenderam, o campenoato rolou e o Alvinho venceu.

Este sufoco me marcou muito, e por muito tempo olhei as ondas grandes meio atravessado. Aos poucos minha confiança se restabeleceu, porém quem já passou por uma dessas sabe que fica guardado na memória.


SANTA CATALINA - PANAMÁ - 2005

Foi durante meu primeiro Surfari na America Central, lá no pico de Sta.Catalina, logo no meu primeiro dia. Caímos muito cedo, com um mar chegando no máximo a 3 pés. O sufoco foi a saída, mas não foi por falta de aviso da Sra. Lidia, nossa cozinheira na Pousada Casa de la Punta.

Com a maré baixando, todos saindo, e eu, um dos últimos. Não estava com aquela botinha, o mar secou e eu tive que voltar caminhado cerca de 100 metros sobre pedras bastante pontiagudas (elas são provenientes de um derrame basáltico de milhões de anos). Mifú literalmente!

Eu carregava meu prachão, o que piorava ainda mais a situação, espetava, furava, doía demais, em minha agonia cheguei a pensar em sair correndo, pois assim doeria mais, porém por menos tempo. Felizmente meu bom-senso suplantou o desespero, e fui caminhando vagarosamente, imaginando que facilmente eu poderia ter torcido ou quebrado o pé se tivesse feito a loucura de ir correndo.

Ao chegar finalmente na pequena faixa de areia, com os meus pés todos escalavrados, o Dadinho me esperava com um par de botinhas, pois ele também tinha passado por um sufoco igual, descolou dois pares com o Ponque, o gentil panamenho dono da Pousada.

Pois é pessoal, enquanto vou escrevendo, aparecem na memória outros sufocos... porém vou ficar por aqui, porém eu penso que os acima descritos foram os que mais deixaram lembranças.

O que eu busquei transmitir, foi a sensação que nós surfistas temos durante um sufoco. Uma Dica? Qualquer que seja a situação que você venha a enfrentar, mantenha a calma, pois ela é a sua chave para a saída de um sufoco.

Tenham as Boas Ondas

Yso Amsler