domingo, 1 de março de 2009

Notícias prancha amsler: 01-Mar-2009 SUFOCOS - segunda parte

@migos,


Dando continuidade ao meu papo sobre sufocos, chega o ano 2000 e olha lá eu passando perrengue novamente... não tem jeito, não há como surfar sem passar sufoco!



SECRET DO SALIM - BARRA DA TIJUCA - 2002

Foi em 2002, na reserva da Barra, em uma onda bem pequena, de 3 pés. A maré estava bem seca e eu dei bobeira, e caí, sendo sugado pela onda.

Ela me rodou como em um liquidificador. Quando finalmente consegui respirar, a onda seguinte já quebrava em cima de mim, ou seja, respirei ar com água.

Meu filho Anddy, na ocasião com 15 anos, assitiu a tudo de dentro d'água, bastante perplexo. Respirar água e tomar a segunda onda na cabeça foi desesperador.



PRAIA DA MACUMBA - RIO - 2003

Este sufoco foi durante o Campeonato dos Amigos da Macumba. O mar estava bastante "storm" e consistente, quebrando 12 pés plus, bem depois das três palmeiras. O início do campeonato atrasou bastante, pois muitos dos participantes não queriam entrar no mar por causa das condições bastante agressivas das ondas.

Eu, que desde meus mais remotos tempos de jacaré, sempre fui atirado e chegado nas ondas grandes, principalmente as casca grossa, forcei bastante pra iniciarmos o campeonato.

Na hora da minha bateria, apenas o Alvinho, hoje na Califa, e eu caímos n'água, os outros dois desistiram. Andamos tranquilamente até o canto da pedra, remando para o "outside". Se da areia o mar parecia grande, lá de dentro era petrificante.

De repente, o horizonte escureceu, a série entrou, com uma onda de 15 pés desmoronando na nossa cabeça. Eu percebi que não daria para passar, remei com bastante força contra a onda, e, segundos antes dela despencar na minha cabeça, fiquei em pé no meu pranchão e mergulhei bem fundo pra aliviar o arrasto e o caldo. Pessoal! Minha cordinha partiu e eu perdi meu pranchão. Não tomei caldo nesse momento, e quando retornei à superfície procurei minha prancha. Pra sorte minha, a onda não a tinha levado. Alvinho estava perto dela e me entregou.

Lembro de ter pensado com os meus botões, estou no mato sem cachorro, ou melhor estou no meio deste mar cavernoso, sem cordinha, nosso maior item de segurança no mar - esta situação tirou completamente minha tranquilidade e concentração. Fui mais pro inside, pensando “pego uma onda e saio, afinal de contas já fui classificado pra final”.

Veio a série e dropei, atrasado, resolvi desistir da onda, só que já era, a onda não me perdoou, me levou junto e me deu um bruta caldo. Fiquei desta vez definitivamente sem meu pranchão, bem na zona de impacto, quebrando ondas de 10 a 12 pés incessantemente na minha cabeça. Era caldo atrás de caldo, e eu tinha que fazer força contra o espumeiro, pra ele ir me levando para a beira, Funcionou, o espumeiro me arrastava, porém o caldo era horrível.

Estava hiperventilando, ou seja, a minha respiração já mão me satisfazia. Olhei para o lado da pedra e vi que o helicóptero salvava alguém láno canto, porém os salva-vidas não faziam a mínima idéia de que eu estava lá, muito menos naquele perrengue. Já bastante debilitado pela quantidade de caldos e a falta de oxigenação, olhei pra beira e ainda faltava pelo menos uns 200 metros.

No meio do meu desespero pensava (pois além de tudo eu ainda temia que a corrente me levasse novamente pra fora) como a Beth ia poder chegar em casa e explicar pros meus filhos que eu não havia voltado com ela da praia porque tinha me afogado! Enquanto isso ela na areia sem saber exatamente o que acontecia era acalmada pelo Raphael Laporta, que, como eu, gosta muito de uma onda casca grossa, e que dizia que ela podia ficar tranquila, pois eu tinha muita experiência de ondas grandes, sairia facilmente da água.

Pois é, após meu fúnebre pensamento, me subiu uma energia como se fosse um choque, das minhas canelas até minha cabeça, que me fez nadar fortemente, nadei muito, e cheguei finalmente na areia. Já na areia, outro Rafael, o filho do Edu, me aguardava com minha prancha, me ajudando a chegar até o palanque dos juizes.

Entreguei minha camiseta, e me juntei a Beth, dei-lhe um beijo e resolvi ir almoçar no Skuna para comemorar. Enquanto caminhava pro carro, ouvi o meu nome, no alto-falante do campeonato, era dito que eu estava classificado para a final, e que deveria entrar n'água em 15 minutos.

Fui até os juizes e agradeci muito, mas estava muito cansado e precisava me recuperar. No dia seguinte quem sabe, mas naquela hora não. Todos compreenderam, o campenoato rolou e o Alvinho venceu.

Este sufoco me marcou muito, e por muito tempo olhei as ondas grandes meio atravessado. Aos poucos minha confiança se restabeleceu, porém quem já passou por uma dessas sabe que fica guardado na memória.


SANTA CATALINA - PANAMÁ - 2005

Foi durante meu primeiro Surfari na America Central, lá no pico de Sta.Catalina, logo no meu primeiro dia. Caímos muito cedo, com um mar chegando no máximo a 3 pés. O sufoco foi a saída, mas não foi por falta de aviso da Sra. Lidia, nossa cozinheira na Pousada Casa de la Punta.

Com a maré baixando, todos saindo, e eu, um dos últimos. Não estava com aquela botinha, o mar secou e eu tive que voltar caminhado cerca de 100 metros sobre pedras bastante pontiagudas (elas são provenientes de um derrame basáltico de milhões de anos). Mifú literalmente!

Eu carregava meu prachão, o que piorava ainda mais a situação, espetava, furava, doía demais, em minha agonia cheguei a pensar em sair correndo, pois assim doeria mais, porém por menos tempo. Felizmente meu bom-senso suplantou o desespero, e fui caminhando vagarosamente, imaginando que facilmente eu poderia ter torcido ou quebrado o pé se tivesse feito a loucura de ir correndo.

Ao chegar finalmente na pequena faixa de areia, com os meus pés todos escalavrados, o Dadinho me esperava com um par de botinhas, pois ele também tinha passado por um sufoco igual, descolou dois pares com o Ponque, o gentil panamenho dono da Pousada.

Pois é pessoal, enquanto vou escrevendo, aparecem na memória outros sufocos... porém vou ficar por aqui, porém eu penso que os acima descritos foram os que mais deixaram lembranças.

O que eu busquei transmitir, foi a sensação que nós surfistas temos durante um sufoco. Uma Dica? Qualquer que seja a situação que você venha a enfrentar, mantenha a calma, pois ela é a sua chave para a saída de um sufoco.

Tenham as Boas Ondas

Yso Amsler










2 Comentários:

Às 2 de março de 2009 às 23:58 , Blogger Italo Marcelo disse...

Yso,
Não sou dessa gang nem nunca vivi essa fantasia de "surfista", mas me amarro nas suas histórias...as fts são sempre lindas.
bjs
Regina "Kapá"

 
Às 5 de março de 2009 às 16:49 , Blogger Alex disse...

Yso,

Peru, Punta Hermosa, Kontiki e Pico Alto, fechando a Baia até Punta Rocas, cavernoso, lembrar a cerração e a temperatura d'água, pelo menos no inicio dos anos 70, os amigos, Fernan, Geneque, Chino, Gordo y Flaco,Ivan, Bruxa e tantos outros faziam a diferença uma pequena crowd amiga.

Mas neste dia 15´a 18' plus pegou muitos de jeito inclusive eu,me lembro que saimos pela Isla eramos 11 e chegaram no outside de Kontiki 4, ja semi exaustos pois estes 2 points estão no middle of nowhere, 2 lajes a 1 milha da praia, neste dia depois de 3 ondas veio uma série, aquela mostrando os dentes e chacoalhando para direita e esquerda, dropei para a direita meu backside inicio um pouco chancho no lip quando no meio do drop aparece aquele escuro, quem!!! a laje fazendo uma escadinha ou seja base da onda enrugada,irregular, estava com uma Johnny Rice 7'6 roundpin, mas ela pipocou no botton turn e la fui eu prestar contas com o liquidificador ou maquina de lavar, nesta hora o mundo fica oval a onda quadrada a bolha sextavada, no fundo os mariscos e ostras põem a mão na cabeça, e a gente não sabe onde esta em cima embaixo ou o lado, muito menos farwest, e de nossas bolhas se ve algo escrito tipo mayday, help, ta russo, e a vida da gente passa toda em questão de segundos, mas mesmo assim ainda estamos sendo embrulhados e tragados e parece que não acaba nunca, mas afinal estamos no meio do Oceano Pacífico ( só no nome, não se enganem)pois o tal período, altura e distancia das ondas na série é SINISTRO.....a primeira surftrip no exterior a gente nunca esqueçe.
No outro dia Pico Alto entrando pelo Malecon da Playa Norte e mais confusão não queira ser apanhado na rebentação da série de Pico Alto e no meio do maldito maledeto fog...refrão - "cargas d'água na cabeça"
Somado a isto só uma vaca em San Bartolo, Peñascal sobrando nos ouriços do fundo para pensar no day after...
Ou em Rincon, Puerto Rico depois de um tropical storm com 15' plus chegando na praia parecendo um chafariz....
Então Yso, Surf é esporte e diversão e as vacas e sufocos nossa emoção, pois chegando vivos na praia,muita risada adrenalina, endorfina always high, e ai bebemoramos para esqueçer se o capitulo foi deveras ou assaz periclitante, e o melhor começar tudo de novo...., aloha amigos surfistas, aos quais agradecemos ao Santo Vento, que forma as ondulações, nosso parque de diversão, nossa cachaça e divã, quando a onda se transformam em leviatã......boas ondas....

aloha amigo Kakuna Yso,
Alex

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial