sexta-feira, 3 de julho de 2009

Notícias prancha amsler: 03-Jun-2009 ROBERTO VALERIO 15 anos depois...

@amigos,

No dia 16 de junho, Zé Augusto deixou o seguinte comentário em meu blog:

“Caro Yso, estou escrevendo um perfil do Roberto Valério, para a revista Hardcore, e queria umas palavrinhas suas, visto que descobriu o homem para o surf ainda garoto. Se puder me passar um email, agradeço demais. Só tenho o problema de estar terminando esse texto amanhã, domingo.
Abraço! E bacana seu blog!”


Bem: agora em julho faz 15 anos que Roberto Valério tão prematuramente nos deixou. Além de atender a solicitação acima, resolvi pesquisar em minhas antigas revistas e buscar fotos, anúncios e depoimentos dele. Encontrei assim uma forma de marcar a data e trazer para esse formato mais moderno de comunicação lembranças mais que antigas que são tão caras para todos que o conheceram e puderam admirar. A apresentação pode ser encontrada mais abaixo!

Primeiramente, foi assim que respondi ao Zé Augusto:

“Muito obrigado pela oportunidade de falar do nosso querido Robertinho.
Eu o conheci muito garoto ainda, pois morávamos ambos na Urca, sua irmã namorava um grande amigo meu, também surfista. Como estávamos todos sempre em Saquarema, o moleque sempre estava conosco. Ele foi tomando gosto pelo surf, não foi difícil que rapidamente se destacasse em Itaúna. Eu, daqui, o observava, porque sabia bem de seu potencial.

Uma característica. do Robertinho era nunca comprar uma prancha minha "zero", portanto, ele nunca encomendava. Comprava as pranchas que eu fazia para mim, ou para meu irmão Sergio. Eu dizia que ele escolhesse uma do estoque, as próprias pranchas que eu preparava para vir a usar, mas ele, irredutível, só queria aquelas que já tivessem sido usadas por um de nós dois.

No campeonato da Ala Moana, em 1976, em Saquarema, tive a oportunidade de indicar o nome dele ao Manoel, um dos donos da Ala Moana e responsável pela organização daquele campeonato pioneiro e tão importante para nós todos, naquela época. E aí não teve jeito: o garoto arrepiou em Saquá, tornando-se o surfista revelação, a abertura de uma notória carreira de sucesso, não só como surfista mas como empresário. Foi sócio da Cyclone (surfwear) e da Neutron (fábrica de pranchas).

Anos e anos passaram, e quando milha filha Olivia estava pra nascer, tive a necessidade de complementar meu salário de engenheiro pra conseguir cobrir o valor do hospital.

Procurei o Robertinho, contei que precisava voltar a shapear. Sua resposta não foi outra, senão: "Yso, toda sua produção será comprada pela Neutron". Durante alguns meses, aos sábados shapeei pranchinhas para a Neutron e na hora certa eu tinha juntado o necessário - uma dessas pranchinhas ficou comigo e hoje está no Museu de Surf de Cabo Frio, com muito orgulho.

Em 1994 eu morava na Venezuela, quando minha mulher me mandou um pequeno recorte noticiando que meu querido "protegido" havia falecido. Soube depois que um aneurisma cerebral o havia nocauteado - mas não sem luta, pois soube ainda que ele tinha dirigido pela contra-mão até o Hospital da Lagoa. Nada diferente do que sempre foi em vida.

Um cara muito especial.

Saudades!
Yso Amsler