sexta-feira, 9 de abril de 2010

Notícias prancha amsler 09-abr-2010: CARLOS FELIPE VEIGA - O CAULI - GRANDE GANHADOR DE CAMPEONATOS

@migos,
E aí vai mais uma colaboração para o livro do John, agora sobre o meu amigo Carlos Felipe Veiga, o Cauli, pra mim Caloti, fantástico surfista carioca, grande ganhador de campeonatos.


Cauli - 1976 - foto: Nilton Barbosa

Recordar do Cauli naquele início dos anos 70 é muito fácil. Éramos, o Kadinho e eu, “perus” de sua pranchinha Gipsy. Chegávamos bem cedo no Arpoador; já com um olho nas ondas atrás do pontão e outro na entrada da Francisco Otaviano.

Assim que ele aparecia carregando sua pranchinha debaixo do braço a gente corria e berrava “primeiro peru, depois que você sair d’água!”. Depois que ele emprestava a prancha, não devolvíamos mais, a gente se revezava até ir embora da praia. O Cauli também deve se lembrar daqueles tempos com muita saudade.


Cauli - 1977 - foto: Fedoca

Eu estudava no Anglo Americano em Botafogo, mesmo colégio do Joãozinho, irmão mais velho do Cauli. A gente se encontrava na escola, pela manhã, de lá seguíamos num “Aerowillys” preto do Henrique (Quiqui) pra pegar onda na Prainha. O Joãozinho era fantástico nas ondas! Tanto na Prainha quanto em Saquarema, ou ainda no Arpoador. O Arpoador era seu quintal, onde ele arrepiava.

Ele, que era goofy foot, dropava nas esquerdas, já atrasado, com sua pranchinha São Conrado vermelha e branca, dava uma forte cavada, seguida de um tremendo batidão, para em seguida reentrar de back-side. Despencava, já chegando ao pé da onda novamente de pé trocado, iniciando nova sequência de manobras, trocando sempre de pé. Além de constantemente trocar de pé nas ondas, Joãozinho tinha outra mania; durante toda a extensão da onda: ia fazendo um barulho com a boca: xi! xi! xi!. Joãozinho, que não pegava mais onda desde o final dos anos 70, nos deixou em 2008 - deixando saudades!


Cauli - 1976 - foto: Nilton Barbosa

Foi na primavera de 1973, que regressando de minha primeira viagem ao Hawaii, eu que acabara de shapear & encapar uma pranchinha: hot dog 6’ 4” round tail – linda, embaixo revestida em laranja tint e em cima amarelo tint com seta e listinhas azul claro. Fui estrear na Prainha, e após sair da água encontrei o Cauli na areia. Lembro de ele ter dito alguma coisa assim: “Yso, você simplesmente detonou as ondas com essa pranchinha. Agora me empresta”.

Cinco ou seis ondas depois ele saia da água direto pedindo, insistindo, eu diria, suplicando, e não parou até que eu concordei em vender pra ele aquela prancha, segundo ele mesmo, mágica. Fiz porque não o aguentava mais nos meus ouvidos e ainda vendi por 30% a mais do que normalmente cobrava de outros clientes.

Deste dia em diante, passei a shapear, por muitos anos, todas as pranchas dele – sempre cobrando 30% a mais por cada prancha. Ele sabia, que eu cobrava a mais pra compensar o que ele falaria mal depois. Eu pensava comigo, que já que ele ia falar mal de uma prancha feita por mim, haveria de ser por que ele pagava mais que qualquer outro surfista.

Cauli fez pranchas somente comigo até o dia em que parei de shapear em meados de 1978, quando fui me dedicar a minha faculdade de engenharia (ah! mais isto já é uma outra história). Só voltaria a shapear temporáriamente no segundo semestre de 1986 e definitivamente em 2001.



Cauli é um grande cara, e, ao longo já de tantas décadas passadas, sempre nos seus artigos ou entrevistas encontrou uma forma carinhosa de me citar.


Cauli - 1976 - foto: Tunico de Biase

No mais, posso dizer que é só fechar um pouco os meus olhos, e a imagem que ainda tenho retida em minha memória é a do Cauli surfando seus maravilhosos batidões e snap-backs.


Cauli - 1977 - foto: Fedoca

Boas ondas, como sempre, amigo Cauli!
Yso Amsler

3 Comentários:

Às 13 de abril de 2010 às 09:25 , Blogger Unknown disse...

Obrigado YSO pelas suas palavras,meu irmao JOAOZINHO ,YSO AMSLER ,DANIEL ,PEPE E PAULO ARAGAO foram a minha maior inspiraçao para eu surfar e alcançar no surfe tudo que eu alcançei ,se nao fossem as pranchas magicas do YSO e todo dia pegar onda com o SERGIO AMSLER eu nao teria sido surfista profissional;era Guaratiba ,quebra mar,arpoador praticamente todo dia com o SERGINHO ali nesses anos eufiz a minha base para seguir uma carreira pro. SALIM vou continuar te devendo 100 cruzeiros so para garantir que DEUS nos abençoe OBRIGADO YSO SINCERAMENTE CAULI

 
Às 22 de maio de 2010 às 22:41 , Blogger Sergio Amsler disse...

Meus brothers Yso, Cauli e Joãosinho !!!
Época inesquecível e grandes momentos do surf registrados em nossas memórias!
Cauli, obrigado pelo comentário. Jamais esquecerei os dias perfeitos de Arpoador, Quebra Mar por traz das pedras (parti em dois uma 6'6'' vermelha, também mágica, shapeada pelo Yso, especialmente para as esquerdas 8 pés)...chorei muito...
E os dias das esquerdas intermináveis de Guará...tu tinha mesmo de arrepiar aquela lapada de back side mano !!!

Que Deus tenha nosso mano Joãsinho, que me inspirou muito a trocar de pé no jeito arte de surfar, em Paz, lá em cima no mar do ceu.

Cauli, obrigado também, pelos conselhos nos momentos Freak do surf em nossa época.

Aloha do Sergio Amsler

 
Às 24 de maio de 2010 às 10:36 , Blogger Unknown disse...

SERGINHO,se nao fosse os foguetes de seu irmao e aquele fusquinha a nos levar pra cima e pra baixo e os altos tubos que vce pegou na minha frente em guaratiba eu nao teria conquistado a base para me tornar competitivo,um forte abraço Cauli

 

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